Por José Carlos Almeida
- Aquele famoso logotipo dos Beatles, marca icônica que está entre as mais reconhecidas do mundo, tem nome: ele chama-se "Drop-T" ("T solto"), uma referência à letra T, que foge do padrão e se impõe como caractere maiúsculo no meio da palavra.
- Apesar de tão conhecido, esse logotipo nunca foi usado nas capas dos álbuns oficiais lançados pelos Beatles (que vão de Please Please Me a Let It Be). Mas é o grande destaque na capa do Past Masters, compilação dos singles dos Beatles lançada em 1988.
- Apesar de ser tão reproduzido, em tantos lugares, só em 1990 foi registrado como trademark pela Apple Corps.
- O criador do Drop-T chama-se Ivor Arbiter. Nascido em Balham, sul de Londres em 1929, era um restaurador de saxofones e baterista nas horas de folga. No começo dos anos 60 se tornou o proprietário da primeira loja especializada apenas em baterias de Londres. Em 1963, Brian Epstein apareceu na loja, acompanhado do simpático baterista da sua banda, Ringo Starr, e adquiriu uma bateria Ludwig modelo Ludwig Jazz Festival por 238 libras. O logotipo foi uma cortesia.
- Como Ringo Starr usou vários kits de bateria durante sua carreira, várias vezes esse logotipo teve que ser reproduzido nos bumbos. Como eram feitos manualmente, foi pintado com pequenas diferenças entre si, com variações na grossura (bold) e distância das letras entre si. Mesmo hoje, na era digital, o logotipo é levemente modificado de acordo com cada uso, incorporando cores, preenchimentos e efeitos para cada caso.
- Qualquer pessoa com conhecimento básico de programas gráficos pode reproduzi-lo. Basta para isso fazer o download do arquivo e instalar a fonte BOOTLE no computador, disponível gratuitamente em dezenas de sites.
- A partir dos anos 80, o logotipo Drop-T passou a ser utilizado em praticamente todos os lançamentos oficiais (Past Masters, Rock Band, Anthology, Remasters Collection, Eight Days a Week: The Touring Years e outros). Mas também é utilizado extra-oficialmente em bootlegs, produtos não oficiais, livros e sites. Inclusive o do Portal Beatles Brasil, que também foi criado com o uso da fonte BOOTLE.
- Certamente o uso mais incisivo desse logotipo foi na abertura de cada capítulo da série The Beatles Anthology, em que ele aparece em primeiro plano (foco no bumbo), enquanto a imagem dos Beatles se afasta rapidamente até se tornarem minúsculos, abaixo do mesmo logotipo em tamanho gigante (com a música "HELP!" ao fundo).
- Mas engana-se quem acha que esse foi o primeiro logotipo oficial dos Beatles. Antes dele havia pelo menos um já utilizado pelos Beatles em impressos oficiais e até no bumbo da bateria. Trata-se do "Bug", simpático desenho com as anteninhas de um inseto (no caso, obviamente um besouro) na letra B inicial.
- Mesmo antes do Bug, o bumbo já havia sido preenchido com o nome "The Beatles" e até mesmo com o nome "Ringo Starr" (nessa época ainda não era usada a Ludwig, e sim uma Premier).
- Outro logotipo icônico também lançado em 1963 é o do The Beatles Book, revista mensal oficial lançado pelo fã-clube dos Beatles, criado por Sean O'Mahony, com tiragem inicial de 80 mil exemplares. Esse logotipo, apresentando letras levemente irregulares, simulando movimento, foi utilizado até a última edição, de número 77, em 1976.
- Depois do Drop-T, provavelmente o logotipo oficial mais reconhecido é o Yellow Submarine, criado pela TVC para o King Features Syndicate entre o fim de 1967/começo de 1968, usado no lançamento do filme e LP homônimos. Provavelmente é o segundo mais reproduzido em material de merchandising oficial e extra-oficial, e também pode ser utilizado por artistas gráficos que baixarem e instalarem a fonte "Yellow Submarine".
- Dois outros logotipos "The Beatles" ficaram bastante conhecidos e foram muito reproduzidos graças ao uso nos filmes, trilhas sonoras e material publicitários de A Hard Day's Night (1964) e HELP! (1965).
- Também ficou gravado no imaginário popular a formação com letras irregulares do nome "The Beatles" utilizada na série televisiva The Beatles Cartoon, que encantava crianças e adultos nos anos 60. Além de bonito, cada letra representava uma nota musical, na abertura com aquela musiquinha instrumental.
- Na sua história, os Beatles lançaram várias imagens que se tornaram marcas conhecidíssimas, icônicas e reconhecíveis em segundos. Podemos citar o bumbo do Sgt. Pepper, o logotipo do Rubber Soul, a faixa de pedestres do Abbey Road, o Submarino Amarelo, as silhuetas deles pulando (também as da capa do HELP!) e, claro, a maçã da Apple Corps. Outros logotipos não são tão populares, mas também reconhecíveis. Veja alguns abaixo.
- Em pelo menos duas ocasiões foram abertas ações judiciais dos Beatles contra a Apple Computers (empresa fundada por Steve Jobs), alegando o uso da marca da maçã, já em uso pela Apple Corps, empresa dos Beatles, desde os anos 60. O processo foi encerrado com dois acordos milionários, cujos valores até hoje são uma incógnita. O assunto é extenso e merece um artigo à parte.
- Em carreiras solo, Paul McCartney certamente é o que fez o melhor uso de logotipos, sendo os mais icônicos o da banda Wings e o da sua empresa MPL Communications. Recentemente ele fez uso novamente desse recurso, criando uma marca minimalista, forte e inconfundível para o seu álbum NEW (2013). Além disso, todas as suas turnês recentes (Up and Coming, Out There!, One On One) passaram a ter logotipos marcantes, reproduzidos em tudo que diz respeito a cada empreendimento, sendo que o próprio autógrafo de Paul McCartney também passou a fazer o papel de logotipo.
- John Lennon, embora postumamente, também passou a ser reconhecido por um logotipo forte: uma auto-caricatura utilizada inicialmente no documentário Imagine (1988). Com ou sem a sua assinatura. Durante sua carreira, provavelmente o único logotipo representando Lennon foi aquele lançado no álbum Rock'n'Roll (1975).
- George Harrison lançou pelo menos dois logotipos fortes, utilizados como sua identidade visual: o da gravadora Dark Horse e aquele símbolo Om-Shanti, ambos de origem indu.
- Já Ringo Starr, embora tenha utilizado várias programações visuais para álbuns e lançamentos específicos, nunca se preocupou em ter um logotipo oficial, daqueles que entram na memória coletiva dos fãs. O mais perto disso é o uso de uma estrela em várias ocasiões, principalmente no bumbo da sua bateria. Óbvia referência à palavra Starr.
José Carlos Almeida
